Bem vindo ao O Catador de Conchas

Deixe, você, suas pegadas. Se preferir escolha sua concha.

19 de jan. de 2008

Sete Vidas

Uma coisa que sempre tive comigo e que meu pai sempre me ensinou foi a não gostar dos gatos. Sim, ele sempre dizia: “Ame os animais, mas odeie os gatos”, obviamente não com essas palavras, mas traduzido ficava assim. E cresci com isso dentro de mim.
Curtindo minhas férias, ao melhor estilo deitadão, ouço minha mãe emitindo sons guturais da lavanderia [a janela do meu quarto dá pra lavanderia]. Achei estranho, afinal mamãe já tinha entendido que não era mais um Homem de Neanderthal havia alguns bons anos. Abri a janela e a vejo agachada atrás dá maquina de lavar emitindo os tais sons. Achei curioso e continuei a assistir. Ela levantou tomou a vassoura como se fosse um rifle muito potente e tocou na máquina, quando um vulto preto sai de trás da máquina e desce as escadas da lavanderia. Era o gato da vizinha.
Desce minha mãe correndo com a vassoura na mão atrás do felino. E procura daqui, procura de lá, e nada. E em posição de ataque, agachada ainda, ela o avista embaixo do sofá, e emite outro som gutural, que foi o suficiente pro bichano assustar-se, subir na janela e transformar a cortina da sala em um delicioso e radical ‘Sky Coaster’! Foi o que bastou pra deixar minha mãe uma fera (olha só, uma fera brigando com um gato!), afinal minha amada suportava qualquer coisa menos que tocassem sua cortina de seda sabe-se lá da onde. Cuidadosamente ela abriu as janelas da sala junto da porta e foi para a cozinha de onde ficou analisando os movimentos do animal, munida de uma vassoura.
Não demorou muito e a empregada que encontrava-se de folga no dia passou pela rua e se deparou com tudo aberto, e ficou curiosa: “Será que estão assaltando a casa da Dona Estela?”. Logo descobriu que não se tratava de assalto. Mas de outro animal de hábitos noturnos e sorrateiros. Sua passagem ali não foi à toa. Minha empregada, Juliana, teve a brilhante idéia de chamar a dona do gato, que chegou com um prato de ração nas mãos e passou pelo menos 50 minutos conversando com o felino, que se encontrava embaixo do sofá, e nada.
Coberta de razão, afinal a história do gato já havia rendido a manhã inteira, mãe perdeu a paciência com a psicóloga de gatos e imediatamente:
- Eu vou ligar para os bombeiros!
E com toda a sabedoria, Juliana disse que não adiantava:
- Tem que ligar pra zootecnia.
A dona do gato implorou pra que não ligasse, pois iam matar o pobre animal. Quando chega um segundo vizinho oferecendo ajuda, e dá-lhe vizinhança dentro de casa, pensei até um ficar no portão e cobrar ingressos pra cada um que entrasse, ele diz que o gato está envenenado e com a pata quebrada. Falso diagnóstico.
E depois de tanto estardalhaço, a psicóloga de gatos, é, a dona, resolve voltar a conversar com o espertinho, e enquanto o bichano ouvia as fabulas de sua dona, o tal veterinário, é, o que diagnosticou que o gato estava envenenado e com a pata quebrada, deu-lhe um golpe pela nuca agarrando-o.
Pronto, o animal estava são e salvo. Minha mãe também. Ah, e a Juliana? Coube a ela cumprir mais um dia de trabalho, uma vez que o bonitinho num ato incrível de astúcia defecou pela sala inteira! Ô bichinho sem vergonha...

2 comentários:

Unknown disse...

Gatos... Como ja te disse também tenho problemas com eles.

Ótimos textos. Queria eu ter tamanha habilidade com as palavras. Talvez um dia eu consiga usar tão bem de palavras e sentimentos fora da minha confortavel imagem de "músico", o eterno incompreendido. =P

Tu escreve muito bem mesmo!

Te adoro sempre e sempre...
Abração!

Edson Bezerra disse...

Eu odeio gatos também.