Bem vindo ao O Catador de Conchas

Deixe, você, suas pegadas. Se preferir escolha sua concha.

30 de jan. de 2008

Diário de Bordo

Voltei. E volta comigo o balanço da viagem.
E como uma viagem em família não poderia deixar de ser, igual a todas as outras. Não isso não é uma visão pessimista das viagens em família, apenas como elas realmente funcionam, um cronograma! Exato. Nada de passeios que varam a madrugada, muito menos micaretas malvadonas. Apenas desintoxicar e curtir a paisagem.
É, foi mais ou menos assim:
Quinta feira, 24 de janeiro de 2008, precisamente às 7h da manhã. Foi nesta data que sinto que fui acordado, e já havia um plano de rota a ser cumprido. Tomar banho, colocar a toalha usada para secar, recolher os xampus, pasta e escova de dentes para terminar de montar a ‘nécessaire’. Minhas coisas organizadas, descer com minha mala, materiais de higiene pessoal, lentes de contato, jogos e mala que gosto de levar do meu lado durante a viagem. Tudo na sala, inclusive travesseiros e edredons. Precisaríamos sair bem cedo para curtir um pouco da praia ainda.
8h30min, acordar a irmã. Seguir o mesmo ritual banho, toalha, xampu, pasta, escova, descer malas, travesseiros, edredons, mala de mão.
Perfeito, minha mãe já estava com tudo checado, então prontos para partir? Não? Cadê o meu pai? Pai? É, ele ainda tinha que resolver alguma coisa na Fatec, disse que não demoraria, afinal precisávamos chegar cedo para curtir a praia.
Já passam das 10h. E nada. 10h45min. Perco a paciência e começo a carregar o carro, coisa que como reza a lenda, meu pai faria. Mas não, dessa vez eu o fiz. Carro carregado, todos prontos. 11h30min e nada! Eis que como um príncipe chegando em seu carro de bois o bonito estaciona o carro, exatamente às 12h. Lindo, beber alguma coisa, xixi, e lá vamos nós.
Viagem tranqüila, e digamos até sem trânsito. Parada estratégica no Pastel de Bertioga, recarregar as energias, e pé na estrada. Quando que nos aproximando da balsa não avisto sequer fila. Coisa inédita em 13 anos de Ilha. Mais uma travessia incrível. Já não sentia mais o ar cinza da São Paulo, mas sim a brisa marinha da reserva ecológica.
Colocados os pés no arquipélago às 17h31min. Rumo: Pousada, descarregar o carro, arrumar o apartamento, procurar um lanche rápido e nos resta andar no centrinho e ver os hippies trançando tererês, e vendendo anéis de coquinho.
Dia seguinte: Mormaço. Ah! Sem sol, nada de protetor. O que resulta? Belas assaduras que incomodariam pra dormir... Bom, mas o que importa é que a Ilha pela qual tenho tanta posse e cuidado estava muito melhor que da última vez. Sem farofeiros, praias absurdamente limpas e água cristalina. Praia do Julião, do jeito que a gente gosta: deserta! Dormidinha no fim da tarde, e a noite? CENTRINHO! E essa rotina se repetiu pelo resto dos dias.
Apenas um comentário que achei necessário, penúltimo dia: Praia Ilha das Cabras. Paradisíaco. Quando um cardume de peixes palhaços (aqueles listrados de amarelo e azul) aparece do nosso lado e começa a dançar ao nosso redor. Uma senhora chega com um saco de pão e começa a alimentar os animais. Quando um casal bem jovem se aproxima e fica admirando a cena abraçados. A bonitinha se emociona e diz:
- Nossa, amor, é um enxame de peixes!
É, foi o suficiente pra me fazer sair do mar e curtir a praia da cadeira.

Assim, finalizo o meu Diário de Bordo Ilhabela 2008, câmbio desligo.

24 de jan. de 2008

Carregar malas, e estrada!

E como não poderia deixar, Ilhabela, aí vou eu!
Bom os planos pra esse ano eram: "Vou pedir minhas férias em Janeiro, cansei de viajar em Dezembro e só pegar chuva. Vamos aproveitar o Sol desse mês". Sabio pai.

O fato é que depois dessa decisão o tempo se emburrou, os típicos alagamentos da cidade de São Paulo começaram, e a minha viagem parece ter começado a naufragar. Não antecipemos os fatos. Hoje acordei com uma bela manhã na janela do meu quarto, epero que fique assim, nada de Sol muito quente, mas chuva me lembra 1 semana jogando baralho, banco imobiliário, dominó, twister, e ai....

Então só pra deixar isso aqui em ordem:


  • Viajo hoje, mas não demoro voltar
  • Primeiro selo deste humilde Blog:
  • O meu muito obrigado para o Edson, ex-professor de física, a quem eu por algum tempo julguei por tamanha escolha esdrúxula, por Deus, Física! (Risos). Enfim, obrigado pela força.
  • E como reza a lenda precisaria indicar 5 Blogs para o selo, mas venhamos e convenhamos, isso é um ínicio de carreira, tenho apenas três blogs que freqüento e que poderia opinar, sendo que dois deles já têm o selo, então me resta indicar: Os Loucos do Castelo

E é isso, enquanto todos retornam bronzeados para seus respectivos postos, lá vou eu tentar não mofar na ilha! Ah(!), enquanto estiver fora, comportem-se!

P.S. Não revi o texto, portanto há a possibilidade de eventuais erros ortográficos.


21 de jan. de 2008

Bomba de calorias

Tenho paladar cítrico e gelado. É, obtenho sucesso fácil com morangos, laranjas, limões, maracujás e abacaxis. Eles me dão uma sensação de frescor, e me abrem o sabor. Sobre o gelado trata-se de bebidas em especial, não basta ser suco gelado, tem que se ter gelo! Não, não apenas gelo, mas ‘ice bergs’. Sou um tanto quanto radical quando se fala em temperatura dos alimentos. Quente é quente, gelado é gelado e temperatura ambiente é temperatura ambiente. Morno pra mim não existe, é a forma ‘chique’ de se falar de algo que já foi quente e esfriou.
A saga com a tal bomba gastronômica de calorias teve seu início no final do ano passado, mais precisamente meados de novembro. Quando a poeira das recuperações começou a baixar, pelo menos pra mim. É, diante do caos que foi esse longo e arrastado ano, passei de ano relativamente cedo, quando em outubro/novembro tive a notícia de que já havia sido aprovado e que não precisaria mais ir à escola. Mesmo assim terminei o ano letivo, cumpri com minhas rec’s pendentes, e quando me dei conta acabou! Logo menos estava dormindo até tarde, e a grande maioria dos meus amigos, que não veria mais diariamente, ainda indo à escola cumprir com o imenso calendário de rec’s pendentes!
Não tive dúvida, voltei a acordar cedo, e chegava à escola como se fosse cumprir algum horário, mas ia mesmo apenas para vê-los. E como passavam o dia fazendo recuperações, almoçavam pela redondeza também, e fazia questão de estar junto até na hora de almoço deles.
Foi quando em uma lanchonete, onde todos comiam rapidamente pra ver quem ganhava o revezamento de recuperações 4 por 4, que vi uma cartolina pendurada, que girava conforme o ventilador, e nela estava escrito: “MILK SHAKE DE MARACUJÁ. DELÍCIA TROPICAL”. Não poderia deixar de provar. Era como idolatrar Gil e errar a letra de Vamos fugir. E lá fui eu:
- Um Milk Shake de maracujá, por favor!
- Qual a cobertura?
- ???
- Vou colocar leite condensado, tudo bem?
- ...
Bom quando recebi aquele copo suado de tão gelado que estava, e senti aquele azedinho característico, foi como idolatrar Gil, cantar Vamos fugir do começo ao fim, o no final do show ele olhar pra você e te chamar pra subir no palco. Que coisa incrível. A partir de então, todos os dias além de ver meus amigos, dava uma passadinha pra tomar a iguaria.
Comecei a reparar como funcionava o preparo. Polpa... Leite... Sorvete... Cheguei em casa.
- Mãe, preciso ir ao supermercado.
Ingredientes a postos, começa: um pouco disso, daquilo, mais desse pra dar consistência... Shazam! Igualzinho!, e até mais gostoso. Ah, eu passaria o dia tomando isso...
Bom, hoje eu sou o Rei do Milk Shake de Maracujá em casa.
[continua...]

19 de jan. de 2008

Sete Vidas

Uma coisa que sempre tive comigo e que meu pai sempre me ensinou foi a não gostar dos gatos. Sim, ele sempre dizia: “Ame os animais, mas odeie os gatos”, obviamente não com essas palavras, mas traduzido ficava assim. E cresci com isso dentro de mim.
Curtindo minhas férias, ao melhor estilo deitadão, ouço minha mãe emitindo sons guturais da lavanderia [a janela do meu quarto dá pra lavanderia]. Achei estranho, afinal mamãe já tinha entendido que não era mais um Homem de Neanderthal havia alguns bons anos. Abri a janela e a vejo agachada atrás dá maquina de lavar emitindo os tais sons. Achei curioso e continuei a assistir. Ela levantou tomou a vassoura como se fosse um rifle muito potente e tocou na máquina, quando um vulto preto sai de trás da máquina e desce as escadas da lavanderia. Era o gato da vizinha.
Desce minha mãe correndo com a vassoura na mão atrás do felino. E procura daqui, procura de lá, e nada. E em posição de ataque, agachada ainda, ela o avista embaixo do sofá, e emite outro som gutural, que foi o suficiente pro bichano assustar-se, subir na janela e transformar a cortina da sala em um delicioso e radical ‘Sky Coaster’! Foi o que bastou pra deixar minha mãe uma fera (olha só, uma fera brigando com um gato!), afinal minha amada suportava qualquer coisa menos que tocassem sua cortina de seda sabe-se lá da onde. Cuidadosamente ela abriu as janelas da sala junto da porta e foi para a cozinha de onde ficou analisando os movimentos do animal, munida de uma vassoura.
Não demorou muito e a empregada que encontrava-se de folga no dia passou pela rua e se deparou com tudo aberto, e ficou curiosa: “Será que estão assaltando a casa da Dona Estela?”. Logo descobriu que não se tratava de assalto. Mas de outro animal de hábitos noturnos e sorrateiros. Sua passagem ali não foi à toa. Minha empregada, Juliana, teve a brilhante idéia de chamar a dona do gato, que chegou com um prato de ração nas mãos e passou pelo menos 50 minutos conversando com o felino, que se encontrava embaixo do sofá, e nada.
Coberta de razão, afinal a história do gato já havia rendido a manhã inteira, mãe perdeu a paciência com a psicóloga de gatos e imediatamente:
- Eu vou ligar para os bombeiros!
E com toda a sabedoria, Juliana disse que não adiantava:
- Tem que ligar pra zootecnia.
A dona do gato implorou pra que não ligasse, pois iam matar o pobre animal. Quando chega um segundo vizinho oferecendo ajuda, e dá-lhe vizinhança dentro de casa, pensei até um ficar no portão e cobrar ingressos pra cada um que entrasse, ele diz que o gato está envenenado e com a pata quebrada. Falso diagnóstico.
E depois de tanto estardalhaço, a psicóloga de gatos, é, a dona, resolve voltar a conversar com o espertinho, e enquanto o bichano ouvia as fabulas de sua dona, o tal veterinário, é, o que diagnosticou que o gato estava envenenado e com a pata quebrada, deu-lhe um golpe pela nuca agarrando-o.
Pronto, o animal estava são e salvo. Minha mãe também. Ah, e a Juliana? Coube a ela cumprir mais um dia de trabalho, uma vez que o bonitinho num ato incrível de astúcia defecou pela sala inteira! Ô bichinho sem vergonha...

18 de jan. de 2008

Corte e escova?

Não é necessário me conhecer há muito tempo pra saber que fui criado num ambiente onde as pessoas pagam para saírem mais belas. Em geral mulheres. Dizem que está ligado a auto-estima, e coisas parecidas com tal.
Enfim, passado minha infância dentro de salões de cabeleireiros, tudo isso graças à herança familiar, acabei que de certa forma adquirindo alguma experiência no que diz respeito a cabelo.
Chegaram meus 16 anos e com eles vieram a necessidade de ser ‘independente’ e de auto-suficiência (mesmo que continuasse a morar com meus pais, e fosse sustentado pelos mesmos), mas queria ter o meu dinheiro para poder sair pra onde quisesse, sem ter que fazer grandes implorações. Ótimo, dizem por aí que a necessidade faz o vilão. Tinha um plano, mas não a idéia. O plano era: “Ora, estudo de manhã e trabalho à tarde”. Perfeito! Ele só falhava quando a pergunta era: “Trabalho de quê?”. Pra mim isso parecia ser o de menos.
Eis que em uma das visitas semanais à casa de minha avó, em São Paulo, um amigo meu (que considero como primo) estava abrindo o seu próprio salão de cabeleireiros. Ele tinha manicura, depiladora, e ele mesmo o cabeleireiro. Faltava apenas um auxiliar para os dias mais cheios, como os sábados.
EUREKA!
Trabalharia apenas aos sábados, ganharia meus trocados para eventuais saídas, e ainda teria ele como álibi me aperfeiçoando na técnica! Tudo caminhava para a perfeição. E assim foi.
Quando no final do ano passado recebo um convite para trabalhar em um salão aqui em São Bernardo, não sabia se estava preparado, uma vez que há tempos não trabalhava com cabelos (depois de 6 meses abandonei o cargo e resolvi que trabalharia com crianças, afinal, tinha nascido para trabalhar com crianças! Tolinho...). Resolvi dar a cara à tapa e fui. Fiz o teste e passei.
Sabe que é bem divertido, hoje ouço mulheres reclamando dos maridos, empregadas, amigas. Sim, elas contam sem o menor pudor, pra nós, confidentes cabeleireiros, que traem os maridos, uma vez que eles só pensam no trabalho e na pelada com os amigos. Sem falar daquelas que sem nenhuma vergonha afirmam que buscavam novas experiências.
As histórias sobre empregadas nem sempre são as mais engraçadas, já que sempre rodam sobre o mesmo eixo: “Ela não sabe tirar o pó.” “Meniiiino, você não sabe, minha casa está um chiqueiro”.
Mas têm aquelas mais reservadas, também, que contentam-se apenas em folhear uma ‘Caras’.
Bom, e pra finalizar, uma dado que me surpreendeu muito, é a quantidade de homens que têm freqüentado os salões. Sim, homens! E não se iluda pensando que vão apenas como acompanhantes das esposas não, pois além de fiscalizar suas respectivas, fazem questão de dar um trato nos pés e mãos, fazem relaxamento, luzes, e até limpeza de pele!

Essa tal de auto-estima deve funcionar mesmo, né? E viva a vaidade!

16 de jan. de 2008

Diante do espelho, não uma fotocópia.

Sabe que, eu sempre fui muito crítico. Sim, não apenas crítico, mas autocrítico, e acredito que isso fez com que eu tenha limitado muito minha ponte de relacionamento com pessoas e possa até ter me tornado um pouco ranzinza.
Mas quem se importa? Certas coisas na vida funcionam como aquela unha do seu pé que você não gosta muito, mas ela já vem com você. Trabalhei por um tempão esse meu auto conhecimento, sendo até hipócrita quando tentava por meios corrigir minha auto correção, dá pra entender? Enfim, consegui libertar-me um pouco dessa cobrança que sempre tinha comigo mesmo. Afinal deveria ser eu, e não quem os outros queriam que eu fosse.
Acredito que a isso deveu-se imposições que recebo desde pequeno, desde muito pequeno mesmo, quando tinha um sério problema de relacionar-me com garotos da minha idade, e fazer coisas comuns que pessoas comuns da minha idade faziam. Percebia o quão felizes eram por jogar bola ou empinar pipa, por exemplo, coisas pelas quais não conseguia extrair o prazer que eles obtinham.
Os adultos, ah, eu gostava mesmo era de estar entre eles, ouvir o que de tão importante eles conversavam, acho que sonhava em ser um deles, enquanto os garotos corriam atrás da bola, fosse de futebol ou de gude, eles corriam atrás. Caso me fosse vedada a opção adultos, preferia me divertir com um pote de guache, massinha, giz de cera e muitas sulfites.
Enfim, depois de tantas correções e reflexões, sobrevivi, e gostaria que esse cantinho aqui não se tornasse um livro de autocríticas, mas sim um lugar com a minha cara, onde eu possa expressar o que penso, sinto, e não o que os outros vão pensar de mim e o que devo sentir.


Eu e a minha dificuldade de sociabilização.